Esse post será em português já que visa esclarecer as diferenças entre cursar medicina no Brasil e nos Estados Unidos.
Camilla Hoff é brasileira e é atualmente uma estudante de medicina da USP. Porém antes de entrar na USP, ela se formou em biologia na Columbia University.
A história de Camilla não é comum, pois ingressou na faculdade nos EUA com a intenção de cursar medicina no país. Porém no meio do caminho, ela decidiu retornar ao Brasil...
Antes de continuarmos a história de Camilla, vamos falar brevemente sobre as diferenças entre cursar medicina no Brasil e nos EUA:
Medicina no Brasil vs. EUA
O processo seletivo das universidades no Brasil é simples em termos de etapas e requisitos. Na maioria das vezes só é preciso prestar uma ou duas provas – o vestibular – e se tirar acima da nota de corte, será aprovado. Além disso, os estudantes precisam definir o que querem cursar antes de prestarem o vestibular.
Porém nos EUA é bem diferente. Para cursar medicina é preciso fazer o “undergraduate degree” que são os primeiros 4 anos de graduação, e depois prestar para “medical school”, que seriam os restantes anos específicos para cursar medicina, uma forma de pós graduação.
Na faculdade “undegrad” os alunos conferem um bacharelado, e aqueles que têm a intenção de fazer medicina geralmente se formam em biologia ou química e seguem a opção de “pre-med”. Isso quer dizer que além de seu diploma, o aluno vai criar um currículo forte para ser aceito na Medical School após sua graduação. Atividades complementares como participar de pesquisas acadêmicas, e estágios em hospitais, geralmente estão entre as mais comuns no currículo de um forte “pre-med student”.
Após a graduação vem o Medical School, que confere um título de M.D. (Medical Doctor), e as vezes até M.D. – PhD (além de cursar medicina fez um doutorado em paralelo). Geralmente são mais 4 anos sem contar a residência. Caso queira fazer o M.D. – PhD são mais 10 anos.
Para entrar no Med School, os alunos precisam montar seu currículo durante a graduação (como mencionado antes) e prestar a prova MCAT que avalia conhecimentos das ciências e de lógica.
Voltando a História de Camilla…
Ela nos contou sobre a sua experiência no exterior e, agora, de volta ao Brasil. Camilla diz que quis retornar ao Brasil por 2 motivos: primeiro, ela se sentia apegada com o país, e segundo, ela não pretendia ir para o lado de pesquisa, e sim clínico.
Camilla conta que apesar da infraestrutura das universidades dos EUA ser de extremo alto nível, o foco é mais na pesquisa. Já a faculdade de medicina no Brasil tem um foco mais prático e mais clínico, que era a vontade dela. De acordo com ela, o Brasil infelizmente não é forte em termos de pesquisa e infraestrutura nas áreas médicas. Portanto aqueles que desejam seguir um ramo voltado à inovação e pesquisa seriam mais beneficiados estudando numa universidade nos EUA.
Porém, os estudantes de medicina no Brasil começam a “por a mão na massa” muito mais cedo que os estudantes de medicina nos EUA. De acordo com Camilla, isso é um diferencial da faculdade de medicina aqui.
Perguntamos a Camilla se ela se arrepende de algo, e ela disse que não. Columbia a preparou imensamente para não só a faculdade de medicina aqui, mas sim para a vida. De acordo com ela, ela voltou muito mais preparada, que a levou a passar direto na USP, e mais madura emocionalmente. A única coisa que a deixa um pouco incerta é a questão do tempo, mas ela não se arrepende de nada. Além disso, se ela decidir um dia retornar aos EUA para fazer sua residência ou um “fellowship”, seu diploma de Columbia, e seus contatos com os professores de lá, certamente irão ajuda-la.
Portanto, caso pense em cursar medicina, aqui ou nos EUA, não entre em pânico. Sempre há soluções, e toda experiência é válida!